Profissão… Estudante! Para muitas pessoas, de várias idades, a resposta para as perguntas o que você é ou faz, são: “sou estudante”. Ser estudante, portanto, é uma identidade social. Aquele que se identifica assim, provavelmente, dedica-se em sua vida a aprender. No contexto formal, podemos pensar nas etapas do ciclo básico (ensino infantil, fundamental e médio) ou ensino técnico e superior, além das pós-graduações (especialização, mestrado, doutorado, pós-doutorado).
Porém, informalmente, é bem possível, também, que muitos se percebam disponíveis à aprendizagem. Na verdade, se nos colocamos na postura de aprendizes, sempre estamos aprendendo algo. Somos, continuadamente, aprendizes da vida. Aprender, taí uma coisa que nunca deixamos de fazer, do momento em que nascemos até o último dia de nossas vidas, SEMPRE seremos capazes de aprender algo. Cada momento da vida nos traz a possibilidade de viver algo novo e, consequentemente, a necessidade de desenvolver novas habilidades requisitadas para aquele contexto.
Aprendemos a ser crianças, jovens, adultos, pai, mãe, companheiro, companheira (e novos relacionamentos nos mostrarão que é preciso aprender novamente), advogado, engenheiro, psicólogo, dona de casa. Cada momento novo nos traz o frio na barriga, as incertezas, as superações e os prazeres de desenvolver novas habilidades e ter acesso a coisas boas (que poderão ser diferentes para cada um) que aquele contexto produz. Mas como saber se realmente estou aprendendo?
Uma dúvida comum do aprendiz e, até do educador, é saber como avaliar se a aprendizagem tem sido efetiva. Aprender, como colocam Kubo e Botomé (2001), tanto é processo, como ação (comportamento de aprender) e está relacionado às mudanças de comportamento do aprendiz e alteração de suas relações com o meio. Assim, podemos pensar, que alterações o aprendiz está produzindo nesse meio? Ainda segundo os mesmos autores, podemos dizer que alguém aprendeu, quando, diante de suas circunstâncias de vida, age de forma a resolver as situações-problema com as quais se defronta.
Dessa forma, quando nos propomos a aprender algo, ou queremos que alguém aprenda, a primeira pergunta para nortear esse processo é: ao que ele deveria estar apto quando aprendesse? Quais são os comportamentos de interesse daquele grupo social, para aquela comunidade? Dirigir com segurança, ser capaz de morar sozinho, pagar contas, resolver problemas, cozinhar, ser um bom dentista? Aprender envolve, portanto, pensar na situação-problema com a qual se defrontará (no futuro), o desempenho esperado e produção de um resultado de valor para a sociedade e para si próprio. Nessa perspectiva, portanto, a educação, para a vida de uma maneira geral, está pautada em um posicionamento ético, qual seja, de sobrevivência do grupo ao qual aquela pessoa faz parte.
Mas o que é melhor para todos, também deve ser bom para o indivíduo e assim, a educação, estará associada à produção de liberdade, dignidade e qualidade de vida para todos os seus integrantes, (Henklain e Carmo, 2013). Oportunizar que no futuro a pessoa se comporte de maneira vantajosa, para si e para os outros, só é possível, se trabalharmos com a aprendizagem de comportamentos significativos e desenvolvermos repertório de comportamentos como autocontrole, resolução de problemas e tomada de decisão. Por mais que pareça demorado e até mesmo penoso o processo de aprender, é muito provável, que ao pensar em suas experiências de aprendizagem, você consiga elencar situações prazerosas, tanto ao conseguir o resultado almejado, como vivenciadas ao longo do processo. São comuns, ao se obtém sucesso, os relatos de sentimentos de autoestima, autoconfiança e responsabilidade. Além dos caminhos discutidos ao longo do texto, para favorecer o comportamento de aprender, seguem algumas estratégias: Associe a aprendizagem a emoções positivas! Aquilo que tem carga emocional elevada, acaba sendo interpretado por nosso cérebro como mais significativo, além disso, como mais áreas suas estão envolvidas essa aprendizagem acaba sendo mais efetiva.
Você nunca vai se esquecer do que sua avó ensinou, certo? Mas ansiedade em excesso pode prejudicar a aprendizagem, o “branco da prova” é um bom exemplo, isso porque, as alterações neuropsicofiosiológicas relacionadas ao estresse fazem com que nos preparemos para lutar ou fugir com a situação que nos parece ameaçadora, e nesse contexto, se lembrar de um conteúdo pode não ser fácil. Além disso, o estresse prolongado pode levar a perda de neurônios. Busque tornar a aprendizagem significativa, dê um sentido para o que está aprendendo. Vale para o estudante de oito anos e para o universitário. Utilize diferentes recursos para aprender (escreva, ouça, fale, leia sobre o assunto) quanto mais entradas neurossensoriais, mais áreas do cérebro são estimuladas e maiores as chances de se aprender.
Além disso, organize uma rotina de estudos: Procure elencar um objetivo (o que quero estudar/aprender) e defina prioridades (o que preciso fazer hoje) determine um período de estudo (que você seja capaz de cumprir, que tal uma hora ou um capítulo?), programe paradas, elas são importantes controlar o cansaço e renovar a motivação. Pense também em metas pequenas e uma meta final (ao final do cursinho, poderei passar no vestibular é muito distante e até lá quais as coisas boas você terá alcançado?). Defina recompensas a curto e médio prazo (vale o mesmo exemplo, a recompensa não deve ser somente diante da aprovação no vestibular, mas ao longo do processo, vale se reunir com a galera do cursinho para bater papo e dar risada e coisas que sejam importantes para você, como fazer uma caminhada depois de terminar a meta do dia). Busque preparar o ambiente de forma a ter foco, evite ambientes com distratores (televisão).
Procure estratégias de relaxamento que favoreçam o foco e controle de ansiedade. Está se percebendo com muita dificuldade para se concentrar? Se sente ansioso? Procure ajuda. Por fim, pense na aprendizagem como prazerosa, se permita pensar como aprendiz continuadamente e busque sempre aprender algo. Prefiro pensar em aprender assim, como ganhos. Dentre eles posso citar: Ampliar repertório comportamental, interagir em diferentes contextos, desenvolver habilidades comportamentais, ampliação de conhecimento e crescimento pessoal, ter acesso a consequências prazerosas: saber fazer algo, reconhecimento pelo meu desempenho (tanto por mim quanto por outras pessoas) superação e conquista. E nesse, sentido me vejo como aprendiz da vida e, diariamente, me delicio com as possibilidades de fazer diferente, de aprender algo novo, se permita também!
Referências Bibliográficas: HENKLAIN, Marcelo Henrique Oliveira; CARMO, João dos Santos. Contribuições da análise do comportamento à educação: um convite ao diálogo. Cad. Pesqui., São Paulo , v. 43, n. 149, p. 704-723, Aug. 2013 Kubo, Olga; Botome , Silvio P. Ensino-aprendizagem: uma interação entre dois processos comportamentais. Interação, Curitiba, n. 5, p. 123-132, 2001.
*Texto inicialmente publicado no blog do IACEP.
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